sábado, 24 de março de 2007

loucura,loucura minha verbalizada

A transitividade
dos verbos transitivos
faz-me transitar
entre o trânsito
transitório
das conjugações.

As conjugações
conjugadas
dos verbos
conjugáveis
fazem-me conjugar
o conjunto infinito
dos paradigmas.

Os paradigmas
paradigmáticos
dos verbos
fazem-me usar
esses paradigmas
nas mais diversas
maneiras de pensar.

Pensar,
que é um verbo,
faz-me utilizar
a transitividade,
as conjugações.
os paradigmas
de forma a concluir
uma idéia,
um pensamento
verbalizado.
Laetitia Rosae

Dois em um

O outro que vive em mim
contempla o eu que gostaria de ser.
O eu, que é templo do outro,
esconde o ser que gostaria de não ter em si.

O eu e o outro são assim,
vivem não querendo ser
o que são
e vivendo o que não são.

Enquanto um é passivo,maleável,
o outro é excentrico,indomável.
O outro é aquilo que os outros veem de mim,
porém sou o eu que ninguém ve.

Não sei mais quem devo ser,
se vivo o eu ou o outro em mim.
Porém, se acabar com o outro,
o eu ficará incompleto assim,
e se acabar com o eu,
como viverei sem mim?

O eu e o outro formam o ser que sou,
o ser que se completa e se divide.
Laetitia Rosae

Vozes


Ouço vozes
que sussurram
de forma sufocada
algo quase inaudível.

Ouço vozes
que suplicam
de forma estendida
algo quase intangível.

Ouço vozes
que gritam
de forma exacerbada
algo quase insuportável.

Já não ouço vozes,
ouço apenas o silencio
que fala
de forma calada,muda
algo quase incomunicável.

Laetitia Rosae

Escuridão e pequenez

Numa sala escura,
ponho-me a meditar
sobre a pequenez das coisas
que achamos grandes.
Apesar da escuridão,
dá para se pensar bem,
a escuridão não atrapalha
o raciocínio,
pelo contrário,ela o incita,
afinal é na hora em que fechamos os olhos
que começamos a viver
num mundo de fantasias reais
ou num mundo de realidades fantasiosas.

É na escuridão que vejo as coisas
de forma mais clara,
é na pequenez das coisas que vejo
a grandeza escondida.
É na escuridão de meu ser
que vejo a luz ainda,
é na pequenez da minha existência
que vejo a grandeza da vida.

São nas coisas imperceptíveis
que meus sentidos ficam mais sensíveis,
é na falta de sentido que sinto.
Como posso sentir e pensar?
Será que apenas penso que sinto?
Será que apenas finjo e minto?
Não quero pensar,
quero apenas viver
minha escuridão
e minha pequenez.
Laetitia Rosae

Meus versos...

Se não sou compreendida,
meus versos me compreendem.
Se não sou ouvida,
meus versos me ouvem.
Se não sou amada,
amo meus versos amantes.
Se sou esquecida,
meus versos me fazem ser lembrada.
Se sou comedida,
meus versos escancaram minha vontade.
Se sou fingida,
meus versos mostram minha verdade.
Se sou calada,
meus versos falam por mim.
Laetitia Rosae

Onde ela está?

Ah!A beleza!Onde ela se esconde?
Está entre as coisas obscuras,
escondidas na mais íntima intimidade.
A beleza está no sentimento sentido
e escrito no papel;
está no pensamento refletido
pelo mais doce mel
que se faz tinta
para o amante da coisa amada,
querida, desejada,
que é a poesia.

A beleza está na esperança
de que em um belo dia
no último sopro de vida,
a vida se torne um verso inacabado,
modelo
de um poeta que lhe seja espelho.
Laetitia Rosae

O porquê

Hoje minh'alma só tem sossego
quando escrevo
nem que sejam algumas poucas palavras
sem sentido.
Meu ser agora só se completa
com o fervor da poesia
que aquece meu infinito perdido.

Já não vivo mais nesse mundo,
vivo agora no mundo das rimas,
dos versos que escrevi e escreverei
um dia
e quem sabe,
com muita alegria,
viverei como os poetas.
Agora entendo o amor deles
por esse maravilhos universo
que consome, preenche e expõe
a verdadeira essência do ser.

Sou apenas instrumento
entre o pensamento e o papel,
sou mero coadjuvante
na beleza desse céu,
que é escrever.
Laetitia Rosae

Versos íntimos

Escrever além do mais íntimo,
do mais oculto sentimento,
da mais profunda dor,
eis o que queria.
Queria um verso, uma poesia
que falasse não de coisas certas,
mas de coisas tortas,
coisas como feridas abertas e gemidos
entre paredes e portas.
Um verso livre que falasse
da minha vida mórbida,
que mostrasse meus tormentos
assim como o vento faz
ao levar meus pensamentos.

Lembranças vagas,
sentimentos confusos,
tudo devaga
nesse tempo infuso.
Hora incerta de estar
entre janelas
a espiar a brisa
que passa, não passa
no fazer e refazer
da aurora e da vida.
Laetitia Rosae

Quem sou?

Sonho em ser eu
quando descobrir quem sou
porque não sei quem hoje
estou sendo
apenas amanhã não quero ser
o que hoje sou e sinto.
Laetitia Rosae

Querer e nada mais

Querer ser tua e nada mais
buscar teu amor e
só nele encontrar a paz
ao mesmo tempo a dor
que derrama suas tristes
chamas de sofrimento.

Querer ser natural e nada mais
ser livre e buscar o mar
buscar coisas sensacionais
que a natureza nos dá
e deixar-se levar por um vento
impetuoso e calmo
se é que se pode o encontrar.
Laetitia Rosae

segunda-feira, 19 de março de 2007

Dia desconforme


Hoje não amanheceu chovendo,
porém em meu coração chovem tempestades.
Minha vida inunda-se nesse mar
intangível, profundo
que desfalece o ânimo e a contemplação dos raios
que incidem sobre os seres mortais e eternos.

O dia não está conforme minh'alma,
que está vaga e cheia de inquietações.
Enquanto as coisas vivas despertam,
durmo para esquecer a coisa morta
que tenho sido.

De repente, acordo-me com uma fagulha de luz
que entra intrometida por entre a escuridão de meu ser.


Deparo-me com um raiozinho
que teima em refletir em meu coração.
É ele que me faz despertar para mais um dia,
é ele que representa toda a força de enfrentar
o mar que afoga minha existência.
Então acabo submergindo e venho à tona.
A esperança entra de novo em mais um dia desconforme.

Laetitia Rosae

Bem-vindo ao Espaço para Cativar-se!!!

Se podes olhar,vê. Se podes ver, repara.^^